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O tênis e o poker

28/11/2016 / Equipe Flow
O tênis e o poker

Certa noite, bebendo com um amigo, o Ney, apostei que em menos de um ano eu o venceria em uma partida de tênis. Ele jogava e fazia aula esporadicamente, eu nunca tinha pegado uma raquete na mão.

O que nomes como Boris Becker, Patrik Antonius, Bruno Soares, Thiago Crema, Gustavo Kuerten e André Akkari têm em comum? Todos eles possuem um vinculo tanto com o jogo de bolinhas amarelas quanto com o de fichas coloridas.

Vários jogadores profissionais de poker adoram jogar tênis. Recentemente, Guga disse em uma entrevista: “Eu estava com o Agassi esses tempos e caímos numa questão: Por que grandes tenistas não têm filhos tenistas? Começamos a entender que o pai às vezes esquiva o filho porque é um esporte individual. O cara resolve os problemas de A a Z num grau de dedicação e devoção quase sobre-humana.” Não parece que o Guga tá falando do poker?

No tênis, toda vez que você bate uma bola, precisa levar em conta algumas características: velocidade, direção, altura, ângulo, entre outras. Somadas, elas criam um resultado esperado, o EV. Exatamente como no poker, quando você decide pela ação na mesa: posição, equidade, range, pot odds, imagem, timing, todos eles constroem o EV da mão. Tanto no poker quanto no tênis, esses fatores devem ser considerados quase instantaneamente a todo o momento.

O resultado das ações também se parece muito: por mais bem calculadas que sejam, podem dar errado. E por várias vezes. A variância exige uma força mental bem singular. No tênis, se você cruza uma direita sabendo que tem vantagem sobre o oponente jogando assim, não significa que vá vencer todos os pontos batendo a direita cruzada. Talvez no momento mais importante você erre o golpe, ou o adversário responda melhor. Ainda assim, na próxima bola, cruzar continua sendo uma jogada positiva.

No poker é a mesma coisa, você pode perder fazendo a melhor jogada possível e, na próxima situação similar, a mesma ação continua sendo a melhor jogada. Vários jogadores, após muito tempo sem vencer, começam a mudar jogadas que sabem ser positivas pelo receio de perder novamente. Cabe ao tenista e ao jogador de poker assimilar os resultados de forma correta para não ficar mudando suas ações baseado exclusivamente em resultados.

Roger Federer, o maior tenista de todos os tempos, possui um recorde de 88 títulos, mas também 245 derrotas. Em mais de 200 semanas ele voltou para casa sem título. Agora, imagina o tenista número 100 do mundo. O tenista e o jogador de poker precisam conviver cotidianamente com a derrota. Você não vencerá todo dia, nem toda semana. A vantagem é que sempre temos o próximo dia, a próxima semana, o próximo torneio.

O tênis joga na sua cara os seus pontos fracos. Não tem como esconder um saque horrível, ou a pressão para fechar a partida. Nas mesas de poker, você pode até se iludir com alguns bons resultados e adversários ruins, mas seus pontos fracos continuarão aparecendo. Corrigir os erros e melhorar seus pontos fortes é fundamental para atingir o sucesso. No longo prazo, quem se dedicou e conseguiu passar por todas as dificuldades encontrará os resultados.

Sim, após sete meses eu venci uma partida contra meu amigo. De lá pra cá, o desafio fica sempre mais difícil, cada vez encontro um jogador melhor que não consigo vencer, mas treino e me dedico para chegar lá um dia.

Agradecimentos aos amigos Andrey Luis Silva (andreyluis), Victor Begara (VzB_Poker), Bruno Volkmann (great dant) e Frederico Nogueira (fredaooo) pela ajuda.

Por Henrique Yamagutt
Membro da Equipe FLOW

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