Durante o livro, Kahneman cita diversas descobertas científicas, e separei duas que podem ajudar a melhorar a qualidade das decisões que tomamos ao longo do grind. A primeira demonstra que a ideia de “energia mental” é realmente verdadeira, e que a atividade mental trabalhosa parece ser a que mais consome glicose do corpo. Um experimento mostrou, como conta o autor, que “quando você está ativamente envolvido em um raciocínio cognitivo difícil ou ocupado numa tarefa que exige autocontrole, seu nível de glicose no sangue cai. O efeito é análogo a um corredor que suga a glicose armazenada em seus músculos num tiro”. A partir desses resultados, cientistas confirmaram a hipótese de que a ingestão de glicose pode anular os efeitos do esgotamento mental.

Outra descoberta surpreendente relatada no livro foi realizada a partir de uma experiência com juízes que analisam pedidos de condicional em Israel. A decisão mais comum é a rejeição da condicional – apenas 35% dos pedidos são aprovados. O que os pesquisadores descobriram é que a taxa de aprovação das condicionais logo após as pausas para as refeições era de 65%. E mais: conforme o tempo passava, a taxa de aprovação decaía até chegar a quase zero depois de 2h de cada refeição. A conclusão foi que a falta de energia (glicose) e o cansaço fazia com que os juízes tomassem a decisão mais fácil, que era negar a condicional. E esse é só um exemplo de como a vida das pessoas é afetada por algo aparentemente tão simples de ser resolvido como o gasto e consumo de glicose.

Durante a minha carreira, são incontáveis os dias em que isso aconteceu, e eu suspeito que o mal gerenciamento da energia mental pode ser um dos grandes fatores de variância para os jogadores de torneios. Às vezes, uma simples barra de cereal pode ser a diferença entre um dia bom e ruim. Pense nisso. Repor a glicose consumida pelo seu cérebro pode ser um ótimo propulsor para você atingir seus objetivos!

Por Fellipe Alberto Nunes – membro da equipe FLOW