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Análise de Mão com Henrique Yamagutt

20/03/2017 / Equipe Flow
Análise de Mão com Henrique Yamagutt

A maioria dos conteúdos sobre poker que encontro são vídeos, livros e artigos com dicas amplas. Sinto que faltam textos mais técnicos analisando alguma situação específica e, como gosto de escrever sobre a parte técnica do jogo, vou fazer alguns comentários sobre uma mão jogada por um aluno no Big $11, com 60 jogadores restantes.

Segue a mão:

 

Vilão (HJ): estava bem ativo no pré flop, vamos considerar o range dele em 25% das mãos:

 

Contra um vilão ativo, o aluno pagaria com:

 

O FLOP:

Boards com cartas altas conectam mais com as cartas que o HJ paga pré flop. Apesar do MP1 ter AA, JJ e TT em uma frequência maior que o HJ, o HJ possui muitas combinações de dois pares, par mais draw e, o mais importante, não possui tantas combinações que erram completamente esse board – o que acontece muito com o MP1.

No flop, temos duas opções: call ou raise. Se considerarmos que o vilão aposta com FlushDraws, AK, AQ, AJ, JT, Q9s e vai pro chão, o raise vai ser um pouco mais lucrativo que o call. Se acharmos que o vilão não dá bet flop com AQ e AK na maioria das vezes, ou que, se apostasse, faria uma aposta menor, o call é uma boa opção. Ambas as jogadas são corretas. A vantagem do raise é maximizar valor contra um range de cbet errado. A maior vantagem do call, por sua vez, é estar em posição e ver como a equidade da sua mão continua no turn.

 

O TURN:

Não há muito mérito em dar call. O range que o vilão representa é bem forte, não deve mais ter a mesma quantidade de AK, AQ ou bluffs aleatórios que havia no flop. Nossa equidade contra trincas e a sequência é bem ruim, além de não haver tantos combos de flushdraw para justificar. Apesar do raise se lucrativo, o call é a melhor opção.

 

O RIVER:

Aqui está a decisão mais difícil da mão, o pré flop e flop são próximos e turn, um call claro. Conforme as streets vão passando é mais improvável que o vilão tenha mãos que sejam mais fracas do que nossos dois pares. Ele precisaria ser um jogador muito ruim para ir all in por valor com AQ e AK, por exemplo. Os únicos dois pares que o vilão joga sempre assim é JT. Agora por valor ele pode jogar vários combos: AA (1), JJ (3), TT (1), KQ(16) e AJ(6); totalizando 27 combos. Podemos considerar outros dois pares que vencemos como A6s e A4s. Porém, além de serem só dois combos, não é garantido que ele jogue da forma que jogou sempre. Os combos de flush draw são 20, mas metade deles possui Ás, o que deixa mais improvável ele blefar.

Portanto, são 10 combos de bluffs claros que o vilão pode ter e 27 combos de valores bem prováveis. Isso resulta em 27% de bluff. Nossa stack no river é 272k e pot final ficaria em 870k, calculando a pot odds, precisamos de 31.25% de sucesso para poder dar o call. Na nossa análise, só temos 27%.

Para dar o call devemos considerar que o vilão vai ter mais mãos que vencemos além do FD, pode ser par com draw de sequência, Ad6d, Ad4d, AK, AQ ou algum bluff aleatório.

Minha decisão, portanto, é foldar o river, considerando todos os fatores otimistas (range pré-flop amplo, bet flop com AK, AQ, bluff com FD todas streets, etc) e call seria levemente lucrativo ou bem negativo. Assim fico com o fold. Para o call termos KQ, AJ, TT e eventuais AA e JJ.

 

Linhas alternativas:

  1. Aumentar o raise (3bet) no pré flop é uma opção válida e bem lucrativa na maioria das vezes. Hero optou pelo call, que também é lucrativo, pois já havia feito 3bet em duas oportunidades anteriores e considerou que a chance do vilão foldar fosse baixa.
  2. Flop: raise é uma boa opção quando você acredita que o vilão pode apostar AK, AQ, JT, flush draw e ir all in.

E vocês?
Como jogariam essa mão? Concordam? Discordam?
Comentem!

Abraços,
Henrique Yamagutt
Membro da equipe FLOW

4 comentário(s)
Caique Souza
30/04/2017 23:17
Nossa, gostei, voltarei aqui mais vezes! Vou me profissionalizar no poker preciso de toda a ajuda possível
Leandro Dias
11/04/2017 20:54
Muito bom esse artigo!
Gabriel *gabessa* Bessa
21/03/2017 17:56
Nice análise Yama... bem difícil largar dois pares nesse river já com SPR um pouco negativo... mas com a análise fica bem claro que o fold vai ser mais lucrativo na long run contra uma boa parte do field. Mas gostaria de levantar um ponto. Nesse spot a melhor linha não seria dar raise turn? No começo da análise você disse ser um vilão bem ativo e relativamente loose, certo?! Então temos mérito em dar raise turn e tomar call de algumas mãos piores além de negar a equidade que o vilão pode ter... Acredito que vendo na ótica do vilão esse river é muito bom pra nos blefar quando jogamos de forma passiva a mão... aparentamos ter de forma geral algo como par e broca, fd, par e fd OU o nuts (pra ele nunca temos AJ, AT, JT, TT e JJ - mãos que tendem a dar raise turn)... sendo assim ele sabe que nosso range não aguenta o terceiro barril... sem contar que ele usa uma linha de aposta alta flop e baixa turn, encaixando assim um shove que fica com o SPR quase um pra um... sendo que a tendência em apostar por valor esse spot é deixar o SPR menor e nos "comitar" com o pote, além de cobrar das equidades que estamos pagando. Então parece que ele está manipulando os stacks pra termos uma decisão realmente difícil no river.. Contra um cara menos experiente acho um fold relativamente tranquilo pois considero que ele não faria essa manipulação de sizes de forma consciente. Mas contra um reg bom já acredito que tem bem mais bluffs no range e o call ficaria no mínimo break even.
Gabriel *gabessa* Bessa
21/03/2017 18:11
Vendo o sharkscope do vilão eu dava esse call duas vezes. rs
Slod Reis
20/03/2017 23:51
QUE HOMEM
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