Andrey Luis é um poker player que há muito detona nas mesas. Profissional desde 2006, jogou SNGs, torneios e Cash Game. Já conquistou o 5º lugar no Sunday Million, cravou duas vezes o Bigger $162, foi vice no $320 Wednesday Hundred Grand, no Big $55, no Hotter $44, Hot $109, Hot $75 e chegou em mais uma longa lista de mesas finais dos maiores e mais regulares torneios online.
Agora também instrutor do FLOW, Andrey conta sobre como é ser poker player profissional e o que aprendeu até o momento na carreira. Não deixa essa passar, vem ver as dicas do MONSTRO! 😉
Acredito que foi em 2006. Entrei na faculdade em 2003 e ali conheci o poker, jogando com os amigos. Acabei me interessando, fui jogando freerolls e decidi comprar 20 dólares. Comecei a jogar SNGs de um dólar até ter BR para jogar torneios. Fiquei jogando torneios por três ou quatro anos, e aí as coisas começaram a dar certo. Três anos mais tarde, eu tinha largado o estágio e, depois, larguei a faculdade para me dedicar só ao jogo, e deu certo.
Na faculdade, tive a sorte de conhecer dois grandes amigos do poker, que também viraram dois grandes jogadores, o Seiji e o Santiga, e a gente conseguiu, conversando e estudando junto, durar no jogo até hoje.
Acho que o principal é o interesse pelo jogo mesmo, mergulhar de cabeça e ter a cabeça correta para um jogador de poker, conseguir lidar bem com ganhar e perder dinheiro, ter uma boa noção matemática e ser disciplinado.
A principal ferramenta, disparado, são os solvers. Eles revolucionaram o jogo, antes não tinha como ter certeza de nada, a gente tentava descobrir a melhor jogada só com a nossa cabeça. Em segundo lugar, as ferramentas de ICM, que é a parte dos torneios onde vale mais dinheiro. Há excelentes programas nessa área, como o ICM e o HoldemResource, que ajudam numa parte muito importante do jogo.
Primeiro, disciplina, porque trabalhar em casa é muito difícil, exige uma disciplina muito grande para ter uma boa rotina de estudos e jogos. Segundo, uma habilidade matemática, conseguir ter um bom entendimento de matemática para fazer os cálculos. Terceiro, saber perder e ganhar dinheiro, isso é importante para não sofrer muito com as downswings nem se empolgar muito com as vitórias e aí começar a jogar muito caro, gastar demais e acabar pagando o preço depois.
Acho que todo jogador profissional deveria tomar muito cuidado com os buy-ins em que joga. Analisando gráficos no Shark, a gente vê que os jogadores costumam jogar mais caro do que deveriam. Tem muito cara que é bom até 100 dólares, mas resolve jogar até 500, e até 500 ele enfrenta jogadores mais regulares. Como o jogo tem variância alta, é muito fácil culpar a variância pelas derrotas. Por mais que você tenha um ROI positivo e pequeno nos torneios caros, isso pode estar acabando com a lucratividade.
Quando você joga muito caro, também pode acabar entrando em situações de pressão para as quais não se preparou. Jogar uma reta final, uma mesa final de um torneio que paga muito, mesmo que você tenha jogo para isso, exige também preparo psicológico. Às vezes, o jogador não está psicologicamente preparado para esse tipo de situação e vai acabar sofrendo pressão dos mais experientes. Acho que o principal erro de um player é subir de stakes muito rápido, sem estar técnica e psicologicamente preparado e com bankroll adequado para isso.
Se acostumar com o seu jeito de jogar e não perceber quando é hora de mudar. Eu passei por isso nos últimos dois anos, fiquei travado no jeito que eu jogava e não percebi que jogo tinha evoluído e que as coisas que eu fazia não davam mais tão certo. Acho que precisamos saber a hora de voltar, estudar a base de novo e ver se o que estamos fazendo realmente está dando resultado.
Leve o poker como plano B por bastante tempo, mais tempo do que eu vejo que se faz hoje em dia. Um erro muito comum é, já com 6 meses de jogo, a pessoa querer largar tudo para se profissionalizar. Leve como um plano B até você ter certeza de que bate o jogo há um tempo, de que se precisar parar nos stakes que você tá jogando e voltar alguns passos, você vai conseguir e vai voltar a ganhar e de que tem um BR que dê para pagar uns meses de contas caso tudo dê errado.
A principal diferença é que, hoje, eu levo o jogo de uma forma muito mais profissional. Penso sempre nos EVs das decisões, me arrisco menos, parei de tentar viajar o mundo e jogar os torneios mais caros, acho que isso tem uma variância que nem sempre estou disposto a abraçar. Hoje também vejo o quão importante é ter uma rotina de estudos para não ser ultrapassado pelo field, principalmente nos jogos mais caros. Eles evoluem muito rápido, se não tomar cuidado, em 6 meses você foi ultrapassado em um limite que batia, e isso pode custar muito caro.
A liberdade, né? Se eu acordo doente, cansado, quero tirar férias, tenho liberdade para fazer isso. Essa liberdade de poder decidir minha própria agenda é a melhor parte de ser um jogador profissional de poker. Mas, como nem tudo na vida é perfeito, isso vem com alguns preços, como trabalhar sozinho, ficar em casa sem nenhum tipo de interação com ninguém, então tem que tomar muito cuidado em como levar essa liberdade.
A disciplina, com certeza. Porque a liberdade que vem com essa profissão é difícil de administrar, então a dificuldade é conseguir se manter atualizado, focado, ativo e não deixar que seu foco saia do trabalho.
Eu diria que foi ter conseguido alcançar o nível de jogo para jogar os maiores stakes por bastante tempo. Quando você começa jogando os SNGs de 1 dólar, o sonho, geralmente, é jogar os torneios de 200, 500 dólares, e eu consegui jogar eles por bastante tempo sendo vencedor. Outra conquista foi ter viajado o mundo jogando os principais torneios ao vivo, joguei World Series, várias etapas do EPT e os maiores eventos do Brasil.
Não, poucas vezes duvidei da minha escolha. Desde que me profissionalizei, foi bem tranquilo, num geral. Fui subindo de stake de forma bem segura, sempre disciplinado com a escolha dos torneios e buy-ins. Levei a sorte também de começar em uma época em que o jogo era mais fácil e a variância era menor.
Hoje em dia, jogo menos do que jogava no começo da carreira, jogo de três a quatro vezes por semana. Nos outros dias, vario entre estudos de field, estudos no HM, no solver, e as aulas que dou no FLOW. Faço também tênis, ping pong e academia.
Dou coach para alguns players com uma abordagem bem teórica. Venho para mostrar que o poker é extremamente matemático e trazer a teoria. Hoje em dia, não dá mais para ganhar nos stakes mais caros sendo apenas talentoso. Minha função no FLOW é, basicamente, ensinar como se estuda a teoria e fornecer uma boa base teórica.
Acredito que é a organização. No FLOW, é tudo muito organizado, foi investido muito trabalho no sistema interno, o FLOW Desk. Tem muita coisa lá para que o jogador possa aprender sozinho. É impossível aprender poker só em aula, o jogador tem que estudar para além da aula, por conta própria, e o FLOW Desk ajuda muito jogadores de todas as faixas de buy-in a evoluírem sozinhos.
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