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Shu Ha Ri, as fases do aprendizado

16/01/2017 / Equipe Flow
Shu Ha Ri, as fases do aprendizado
Esses tempos, instigado pelo trecho de algum livro, pesquisei sobre artes marciais japonesas e encontrei um conceito muito interessante para aplicarmos ao poker: Shu Ha Ri, que traduz o processo de aprendizado, desde o início até à maestria. Cada parte do conceito diz respeito a uma fase que se relaciona com as outras de forma linear.
 
Shu, que representa o começo nas artes marciais, é o momento no qual se aprendem os movimentos básicos e consolidados que serão repetidos muitas e muitas vezes até se tornarem automáticos. Para chegar à etapa seguinte, Ha, a primeira deve ter sido dominada. No segundo estágio, a subjetividade de cada um começa a ser aplicada às técnicas e movimentos que outros criaram são testados para verificar quais melhor se adequam ao estilo de cada pessoa. Ri, por sua vez, é quando a maestria pode ser alcançada. Os movimentos básicos são automáticos, diversos outros foram testados e já se conhece o próprio estilo. Esse é o momento em que se utiliza toda a experiência até ali para transcendê-la e criar algo único.
Além de ser um bom caminho para estudar o poker, as etapas do Shu Ha Ri nos lembram de não tentar pular momentos do aprendizado. Muitos jogadores procuram imitar técnicas dos profissionais que admiram sem antes terem uma base sólida e compreensão dos ranges básicos. Isso pode fazer com que o jogo fique desajustado e sem coerência e as técnicas podem ser empregadas em momentos inoportunos. Daniel Negreanu não aprendeu a fazer suas excelentes leituras de ranges da noite para o dia. São as milhares de situações pelas quais ele passou e analisou que o levam a olhar para o adversário e conseguir prever qual mão ele tem.
 
Outra situação comum é encontrar jogadores que desde o início de suas jornadas querem inventar novas maneiras de jogar, inspirando-se em players vencedores que jogam fora do padrão. Não há problema em ser criativo nas mesas, mas é importante primeiro solidificar os conhecimentos iniciais e o entendimento básico de ranges e situações. O bom jogador que costuma inovar provavelmente já passou pelas etapas iniciais e, depois de ter aprendido o básico, testado muito e compreendido seu estilo de jogo, cria jogadas novas. Para quebrar um padrão, é preciso antes compreendê-lo.
 
Mesmo que você não tenha muita certeza em qual etapa do aprendizado se encontra, se organize e tente recomeçar do simples. Aprenda o básico e o execute diversas vezes até que ele torne-se automático. Você pode identificar esse momento quando perceber que só ao olhar para uma situação já compreende qual é a melhor jogada a ser feita.
 
Quando dominar o Shu, pode ter certeza que já estará à frente de boa parte dos jogadores. Então, você pode dar o próximo passo com mais segurança e chegar ao Ha, o momento de criar sua identidade. Tente reproduzir jogadas de outros players que saem do padrão, teste quais funcionam, construa seu estilo e linha de raciocínio. Quando chegar ao Ri, conseguirá transcender o que aprendeu com base em toda bagagem adquirida e poderá criar novas jogadas e modos de leitura de forma muito mais coerente e sofisticada. Esse momento, a maestria, é onde muito poucos estão.
 
Por Marcelo Muller
Jogador e membro da equipe FLOW
2 comentário(s)
Julioctas
19/12/2017 16:32
Conteúdo muito top mesmo!!! Vlw marcello!!!VQV!!!
Guilherme
17/01/2017 19:20
Simplesmente perfeito. TOP TOP TOP!!!
FLOW Poker Team
23/01/2017 13:12
Valeu Guilherme!!! :D
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