Quando iniciei minha jornada no poker, meu objetivo era ser o melhor. Com o tempo, ficou claro que não tive a disciplina necessária com os estudos para atingir uma posição tão ambiciosa. Construí uma boa carreira muito mais devido ao meu pensamento estratégico do que à minha dedicação aos estudos. Com as flutuações que todo jogador que não se dedica o suficiente na parte técnica acaba enfrentando, vieram novos projetos e novas iniciativas.
Acredito que há cada vez menos espaço para jogadores como eu fui. Nos próximos anos, quem estuda e se dedica para estar no topo terá, ao menos, melhores condições de lutar para atingi-lo. Os primeiros a perderem espaço, naturalmente, serão os jogadores casuais. Depois, será a vez dos jogadores que querem só uma grana extra. Por fim, com a especialização cada vez maior e um número de profissionais que aumenta consideravelmente, os jogadores regulares que não se dedicam na parte técnica irão, aos poucos, perder espaço. Como em outros esportes, mesmo que com algumas diferenças, a tendência do poker será a de nivelamento técnico.
Sei que o cenário parece um tanto alarmista, mas o encaro como uma consequência natural. Acredito também que faz pouco sentido você optar por um caminho e se dedicar a ele se não for para dar seu melhor e atingir níveis desafiadores.
Por isso, antes de decidir seus objetivos, reflita se eles funcionam dentro de um espectro maior. Caso queira tornar-se um jogador profissional de poker, encare essa tarefa sabendo que o topo está cada vez mais voltado aos que, além de pensamento estratégico, bom volume e foco, dedicam-se ao estudo detalhado e desafiador da parte técnica. Se você não trabalhar duro e com inteligência, seu futuro pode ser curto na profissão.
Por Fellipe Nunes
Membro da equipe FLOW