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Um passo por vez

26/02/2017 / Equipe Flow
Um passo por vez

Essa semana, eu e quatro amigos, todos poker players, fomos trilhar a segunda montanha mais alta da Região Sul do Brasil, o Pico Caratuva. Curitiba está a aproximadamente 1.000 metros acima do nível do mar e o pico da montanha fica a 1.860 metros. São 5.5 quilômetros de trilha e 860 metros de elevação.

Hoje é domingo e eu ainda sinto dores musculares na panturrilha direita. Durante a subida, o terreno é bastante irregular e a quase todo momento você precisa fazer impulso ou se equilibrar entre galhos e pedras. No começo da trilha não dá pra ver o cume, mas você acredita que dali a algumas horas vai conseguir enxergar.

Depois de passar pelo morro inicial, já com os batimentos cardíacos elevados e o contato com galhos, plantas, insetos e pedras ter se tornado mais natural, o cume pode ser visto pela primeira vez. Longe, muito longe. O último quilômetro é de mata fechada, com muitos degraus de raízes e pedras. Haja quadríceps.

O cume é espetacular, com vista para uma cadeia de montanhas da Serra do Mar, entre elas o Pico Paraná, ponto mais alto da Região Sul do Brasil. Mata Atlântica preservada, verde e silenciosa.

A volta é mais leve, talvez por ser mais simples descer, talvez pela revigorada que atingir o topo nos dá. Em determinado pedaço da descida, a trilha fica mais plana e fácil. Minha atenção diminuiu e eu caí, mas consegui seguir em frente sem problemas.
Ao final da jornada, você lembra dos momentos em que estava exausto, da mochila que parecia pesar muito mais do que mostrariam os números, das dores no joelho, da sede constante. Porém, um dos meus amigos que subiram, o Paulo Santiago (Santiga), resumiu o mindset necessário para completar a trilha: você só precisa dar um passo. E depois outro.

Agora, traçando um paralelo com os torneios: quantas vezes nos pegamos pensando no número de jogadores que faltam para a cravada, ou que nosso stack garante no mínimo tal posição, ou qual posição seria necessária para bater o ferro do dia? Aí a ansiedade toma conta.

André Agassi disse algo que tento seguir quase como um mantra: você não se preocupa com o que não pode controlar. O field pode ter o tamanho que for, podemos estar even, up ou down, a mesa final pode estar a perder de vista ou logo ali, mas o pensamento deve estar focado naquela mão. E depois na próxima. E na próxima, e uma ação de cada vez. É o que podemos controlar.

Além disso, quando estamos cansados ou achamos que as ações estão rotineiras ou fáceis, fazemos jogadas horríveis por falta de atenção e caímos, como eu caí na trilha.
Por isso, o foco precisa ser em cada ação, cada mão, naquele momento presente e não nas dificuldades, facilidades ou nos caminhos que nos faltam trilhar. Quando você perceber, vai estar no cume.

Por Henrique Yamagutt
Membro da equipe FLOW

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