No poker, pensar logicamente é quase tão essencial quanto dominar conceitos e estratégias. No entanto, por vezes tendemos a superestimar a leitura das situações. Quando o adversário dá um limp e, sem nenhuma informação adicional, optamos por não dar raise com uma mão na qual certamente deveríamos fazê-lo, deixamos a lógica de lado e passamos a agir de acordo com uma leitura superficial. Nesse momento, vimos fantasmas e agimos com medo.
E não sei quanto a vocês, mas eu não acredito em fantasmas. Acredito que o poker, de maneira geral, é bastante exato, assim com suas linhas de pensamento. Quantos limp’s são aplicados para fazer um slowplay ou uma trap com mãos do topo do range? É uma quantidade ínfima quando comparada à quantidade de limps com mãos especulativas ou fracas.
Se nos deixarmos agir com base nos fantasmas que enxergamos, com o tempo, perdemos não só nossa linha de raciocínio e jogo, mas também a confiança. O limp é uma jogada que representa fraqueza. Se o jogador estivesse com cartas de alto valor, estaria aplicando um raise. O limp é aplicado para conseguir avançar até o flop sem precisar pagar muito. Portanto, sua essência é ser uma jogada especulativa. E se a lógica diz que essa é uma jogada especulativa, bom, não há motivos para enxergar fantasmas.
Portanto, para não nos perdermos no jogo, precisamos seguir uma linha de raciocínio. Com isso não quero dizer que poker é estritamente lógica. Caso fosse, uma boa tabela de ranges tornaria todos vencedores. Precisamos ler a mesa, as jogadas do adversário, o estágio em que o torneio se encontra, o histórico dos jogadores, ser criativos para pensar em jogadas que transcendem o básico, entre diversos outros fatores, mas sempre seguindo uma base lógica. O pensamento lógico e a confiança são essenciais para construir uma carreira sólida. E deixar que os fantasmas que enxergamos nas mesas guiem nossas ações, com certeza, não vai nos ajudar.
Eventualmente você encontrará adversários que aplicarão jogadas fora do esperado, mas não deixe que esses percalços lhe distanciem da lógica e dos seus estudos. Afinal, de que servem as exceções, senão para justificar as regras?
Por Fellipe Nunes – membro da equipe FLOW